terça-feira, 24 de fevereiro de 2009


24 de fevereiro de 2009


Bergamo, Itália.
Hoje fui conhecer uma cidade que fica distante uma hora de trem daqui.
Lecco. É menor ainda do que Bergamo, com uma paisagem belíssima e um lago de água transparente ao pé de altas montanhas em cujos picos podem-se ver a neve acumulada deste inverno. Tive o desejo de passear pelo lago, mas só é possível em abril, conforme anúncio na bilheteria do cais. Almocei “pasta”: “penne com verduras”, em um restaurante pequeno todo envidraçado e pé direito duplo. Ali tocava uma seleção interessante de música eletrônica e vi que, trata-se de um local para festas, além do almoço. Num canto havia espaço para DJ com aparelhagem instalada. Pude imaginar uma noitada naquele lugar com as luzes da festa atravessando as paredes transparentes que deixam a mostra toda beleza da cidade. Comi sorvete, voltei para Bergamo e me diverti olhando as crianças que brincam pelas “Piazzas” o Carnevale Italiano. Amanhã pretendo ir a Veneza passar o dia. Dessa forma quero encerrar as novidades de cidades que estou conhecendo nessa viagem que tem seus dias contados para acabar.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

22 de fevereiro de 2009
Bergamo, Itália
O frio persiste, mas com 8 graus de calor. O sol também ajuda a aquecer através da fina névoa úmida que ambienta esse cenário cheio de história.
Ontem ao me encaminhar para a estação de trem rumo a Milão, vi um prédio envidraçado anunciando uma exposição de arquitetura e urbanismo para a cidade de Bergamo do futuro.
Entrei no lugar e me deparei com vários mapas da cidade expostos com desenhos propondo intervenções. Havia também um vídeo onde o narrador explicava as propostas e razões. Identidade, competitiva... Esses dois conceitos entre alguns outros justificavam as propostas que revitalizavam os espaços ociosos da cidade, ampliavam as ciclovias, construía novos prédios. Maquetes e grandes fotos do sítio urbano com a colagem sobreposta das propostas permitiam a visualização do que está por ocorrer em Bergamo. Uma das que mais chamou a atenção foi de ampliação das áreas verdes e a criação de um cinturão verde, ou seja, a plantação de árvore ao redor do limite da cidade a fim de garantir uma melhor qualidade ambiental. Os belos projetos e maquetes estavam identificados no caso da realização estar em andamento. O que garantia a veracidade da execução.
Hoje eu fui até a Citá Alta conhecer a ruína de um castelo medieval. Fica na montanha oposta a do albergue onde me hospedo. Lá pude apreciar a bela paisagem de Bergamo e passear por estreitas ruas cheias de beleza e história. Comi um doce delicioso chamado polenta e pizza cortada a tesoura. Pomodoro sechi e caprese. Na volta perto da Avenida Giovanni XXII tomei sorvete: morango e chocolate.
O silêncio na manhã em Bergamo mereceria um texto. Ou um poema. Lembrei da cena, em que o carteiro, do Carteiro e o Poeta, enviando uma carta para Pablo Neruda conta do som das estrelas.
A voz da Lua.
O silêncio em Bergamo é cheio de poesia.
E, quando os pássaros cantam é um canto silencioso.
17 de fevereiro de 2009
Pesadelo em Amsterdam
Alguém tinha emprestado a casa para eu ficar por um tempo, talvez um fim de semana.
Lembro de ali ter muita madeira especialmente no chão. Por entre as frestas da madeira era possível ver a grama do chão irregular onde a casa foi construída. Essas frestas chamavam atenção por sua irregularidade, ou seja, alguns vãos eram maiores que os outros, outros eram recortados. Prestei muita atenção nos veios da madeira. As bordas das tábuas tinham o desenho de contorno de litoral de mapa, desses que vemos em fotos tiradas de satélite. A grama era de primavera. Pequenos frutos silvestres marrons salpicavam o chão realçando a fosforescência do tapete de grama verde. Continuei andando pelo lugar, lembrando das palavras de oferecimento do amigo dono da casa. Quando eu abri a porta que dava para o espaço exterior da casa tomei um susto: dois porcos imensos maiores que a largura da porta. Eles invadiram o recinto. Eu me afastei rapidamente para dar passagem e percebi que um deles se erguia sobre duas patas e deixava sacudir o membro como que oferecendo ao outro porco. Sai dali e tentei pegar minhas coisas, que deixei num espaço no canto de uma cozinha com muitos objetos. Mas nenhum com a forma definida. A impressão era de que eram apenas volumes imprecisos estofados espalhados no ambiente que lembrava uma cozinha. Não consegui pegar coisa alguma, pois ao olhar para uma dessas formas indefinidas de cor esverdeada percebo um movimento nela. E vejo o olho de alguém, ou de alguma coisa, rapidamente se abrindo, e logo em seguida desaparecendo na camuflagem. Sinto pânico e resolvo sair dali imediatamente Porém começam a brotar do chão, milhares de formigas. São de dois tipos. Uma é do tipo miúdo, quase um ponto a se deslocar em correria. A outro é do tipo Salvador Dali, graúda, e veloz como a outra. Penso em por fogo naquilo tudo, mas lembro que a casa é de outro. Enquanto tudo acontecia, eu ouvia vozes de fora da casa e todo o tempo eu pensava que devia me comunicar, e pedir ajuda. Lembro, depois de ter narrado ao dono da casa como foi difícil para mim, ter enfrentado aquilo. Ele concordou e eu acordei.
16 de fevereiro de 2009
A caminho de Amsterdam
Em Paris, na sala de cinema entrei com o bilhete para uma sessão, mas era outro filme. Quer dizer que a princípio eu pensei se tratar de outro filme, mas na verdade eu comprei o tíquete para assistir uma comédia de François Ozon, chamada “Ricky”, que vi o cartaz na Berlinale e, quando entrei vi, desconfiei do outro, filme.
Quero dizer, eu estava no horário, mas o filme já havia começado. Tinha uma cena engraçada acontecendo e eu estava vindo de Londres, que tem outro horário. Eu pensei que podia ser o filme enfim a cena era interessante e eu fiquei. Depois eu fiquei sabendo que eu tinha olhado para o valor do ingresso de seis euros e alguma coisa e confundi com o número da sala. Era grande o desenho do número. Pequeninho ao lado estava o número da sala correta que eu não entrei: sala 07. Bom: o filme mostrava a trajetória de um leste europeu a caminho de Paris e por coincidência ele se passou em parte na rua do cinema onde eu estava assistindo o filme (“á la” metalinguagem): a bela “Champs Elyseés”. E tratava-se de uma fantasia sobre a magia de querer estar num outro lugar, acreditar nessa magia, viajar e ir buscar a fantasia que essa magia pode concretizar. Não tem como ser mais parecido com aquilo que eu estava vivendo naquele instante. Sofrer por Paris, por viver a magia da luz de sua torre cheia de brilho. O filme de Costa-Gravas mostra a Paris da desilusão, da riqueza contrastando com as necessidades humanas mais básicas. Ele é muito real e as cenas que ocorrem no filme são realmente muito parecidas com aquilo que se vê nas estações de metro, com a polícia, com o mundo dos mendigos e sem teto, nos olhares que podem nos ser generosos, mas também frios e de indiferença. A cena do garçom orgulhoso por ajudar a matar a fome da personagem é constrangedoramente piegas, mas profundamente verdadeira. Há a Paris de pessoas. Que quer acordar. Que quer ser do mundo todo. Mas não pode.
Outra cena, a do gari ignorante do mundo das letras e que sobrevive pelos desvios da solidariedade.
Essa odisséia do estrangeiro que confunde o próprio desejo, transitando pela crueza do mundo a alimentar a esperança de felicidade me achou ali na escuridão da sala de cinema. Triste e satisfeito como o herói incógnito Elias. Eu e Elias acreditamos numa possibilidade de generosidade por magia. Às vezes achamos que a beleza do por do sol existe porque nós anunciamos o fim do dia. Não é verdade, pois o sol vai brilhar e se por e voltar a ser mágico sem mim ou Elias para olhar. Mas não custa nada imaginar que também merecemos, eu e ele um lugar no mundo, um lugar para estar.
Saí do Cinema Gaumont Champs Elyseés e vi o que Elias via. A praça, o monumento do Arco do Triunfo, a avenida com os pedestres e carros a transitar como no filme. A torre Eiffel, pela última vez. Dessa vez eu não a iluminei.
Vivi numa canção. De Costa-Gravas.
Encaminhei-me para a Gare Nord, saí de Paris, saí da França. Voltei para a Alemanha.
O Elias, com seu poder de iluminar o mundo agora, é letra, é grão.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

em koln alemanha 19 fevereiro karneval

uma viagem pode ser relatada com diferentes olhares
atraves da culinaria, pelos sabores
atraves da arte visual, pela musica, pelo teatro, museus e historia
pela arquitetura
nos meios de transportes e comunicacao
pelos lugares de hospedagem
pelos habitos cotidianos, horarios, comercio, trabalho
pelos banheiros, pelos cheiros
pelo contato humano, pelas pessoas dos lugares (ou diferentes tipos de chineses he he)
pela moda (e que moda)
pela paisagem, pelos sois, estrelas e luas
pelas temperaturas, pela chuva, calor, neve
viajar e como amar
"amar eh mudar a alma de casa"

sábado, 14 de fevereiro de 2009



A batalha de Waterloo


14 de fevereiro de 2009.
Pessoas no vagão do trem de metro.
Solidão: perceber que eu estava só e que todos ali não trocavam uma palavra. Diferente de outros espaços no mundo ali na escuridão do túnel que atravessava a cidade de Londres eu percebia o que era um silencio cúmplice. Muito meu conhecido. Os cartazes anunciavam um futuro branco com pontos de cor. Uma nova cidade. Isaac Asimov. Um novo mundo. Orwell. “Low Carbon”. Uma promessa a ser colorida. Uma esperança.
Perdi o lugar da Tate Modern. Estava na Tate antiga. Tomei o 77 na direção contrária. Fui parar no subúrbio. Resolvi retornar com trem. Tomei o da linha negra para a estação de Waterloo. Intuito de chegar até a Tate Modern mais rapidamente. Desci para o “undergound”. No subterrâneo de Londres as paredes estavam recobertas por sacos plásticos e tapumes de obras. No vagão nenhum anúncio de estação, sem a voz que anuncia costumeiramente a direção e a próxima estação. Nada. Pelas janelas do vagão apenas uma sombra negra voava do outro lado na velocidade da passagem. O silencio é total. Só, eu grito internamente um pedido de socorro. Não havia palavra, ou resposta, só olhar. Só a mudez dos passageiros. Todos estranhos para si. Não havia duplas, não havia grupos, ninguém tinha o que falar com ninguém ou para quem dizer alguma coisa. Eu encontrei ali minha turma, a turma dos que não tinham com quem falar, com aqueles que fazem seus trajetos contando apenas com si. É muito assustador encontrar consigo mesmo. Pode ser o melhor ou pior momento. Não há porque voltar lá. Lá tive de imaginar o futuro e depois compreendi que a pós-modernidade é a não certeza do tempo. Ali em aqui em Londres onde o passado insiste em avançar futuro adentro e o futuro se anuncia na picnolepsia dos movimentos imperceptíveis meu olhar atravessa essa incerteza. Eu vejo a cinza das luzes, a cidade toda, a comida da Índia, do Japão, da China, do Oriente, da Itália, americana... Tento entender o neoliberalismo. A idéia do mundo é inglesa. O inglês me ensinou como conceber o mundo, seus conceitos. ¿Como não vi isso antes? O que fazer com a felicidade, que possibilidades, que soluções podem existir para fazer desta cidade mais do que um templo de consumo e diversão e beleza? Ela é uma cidade sem grades, mas também um lugar onde a elegância facilmente pode vir a ser vulgar. E, que haja o que se preservar nos seres do subterrâneo. As camadas que nos tornam capazes de sonhar e viver com o sonho...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

PARIS É UMA PIADA

ANTES DE PARIS
Dia 5 fevereiro
2 da manhã
Albergue da Juventude em Wansee-Berlin
Poucas horas me separam de Paris. Escuto no fone do note a Rádio Hamburgo que, suponho sintonizada pelo “Bluetooth”, considerando que a “wireless-internet” está “logout”.
Repenso o dia que passou.
O show dos Umbilical Brothers (dupla de australianos) no TIPI, circo permanente perto da porta de Brandemburger. A primeira piada foi: achamos Berlin linda cidade, só que sentimos falta de uma coisa: mais museus.(risada geral) Por favor, façam um museu de museus. Mais risadas. E assim seguiu-se uma bela e divertida apresentação de mímica e pantomima que aqueceu a alma do público. Eu estava em uma mesa com mais três pessoas com as quais não conversei. Comi Belguisch Waffel com sorvete de pistache, creme chantilly e geléia de frutas. Sabores, texturas, temperaturas, aroma. E que bela imagem. Inesquecível. Antes perambulei pelas ruas da outra Berlin, a dos imensos condomínios residenciais, longe do glamour da Postdamer Platz. Almocei na Galeria Kauhof. Vi uma passeata pelos direitos humanos do SriLanka .
06 de fevereiro
EM PARIS
PARIS É UMA PIADA
Todos sabem da fama dos parisienses de pouca higiene. E dos maravilhosos perfumes.
Hoje pela manhã depois do meu “petit dejeneur ici en aubergue” (café da manhã aqui no albergue), resolvi tomar uma ducha, já que dormi direto desde ontem devido ao cansaço da viagem de Berlin e dos passeios por Paris em companhia da prima Carmem Silvia, habitante daqui.
Pois então, depois de tudo preparado para o banho percebo que a porta de vidro do banho tem a largura quase do vão do banho. O que impedia de eu acessar a ducha. Percebo então que a altura da porta encaixa-se logo abaixo da saída de água. Realizo então a manobra de temperar o banho e empurro a porta contra a parede para acessar a ducha. Ou seja, ao mesmo tempo em que me molho eu me ensabôo e empurro com o corpo a porta. Automaticamente imaginei todos os banhos franceses em todos os lugares, todos tendo de empurrar uma porta como aquela.
Abrir um frasco de Chanel nº 5 é tão mais agradável! E fácil.
Amigas (não direi os nomes para dar falsas ilusões): Torçam por mim já que hoje a tarde devo sair a comprar perfumes. A intenção é encontrar pelo menos um pequeno frasco para levar de presente para cada uma de vocês.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

o endereço eletrônico da responsável pela coação

ela se chama Katja Nowroth e o e-mail é nowroth@goethe.de

Polêmica questão financeira perturba um passeio pela Europa.

Como se sabe, a crise financeira mundial atrapalhou os planos dos brasileiros que tinham a vontade de saborear o mundo europeu nestes gelados meses de janeiro e fevereiro. Seria nossa (dos que assim entendem) a culpa de acreditar que o mundo pertence a todos que nele habitam? Meu trabalho de 60 horas semanais como professor na América do Sul não justifica o meu desejo por férias onde eu bem entenda que mereço? Para o Goethe-Institut em Berlin, não. A julgar pela mensagem que recebi de lá (daqui), cobrando mais de trezentos euros pela minha INTENÇÃO de estudar naquela escola, que foi frustrada justamente pela crise financeira que elevou o euro de 2,40 reais quando paguei o curso de Düsseldorf no Brasil, para 3,50 reais quando o Banco do Brasil me vendeu 2000 euros. Amigos, isto é uma saia justa internacional. Não devo levar em conta que assim como as reservas em hotéis tem taxas antecipadas justamente para que desistências não causem ônus aos estabelecimentos também o Goethe-Institut, instituição renomada que, aliás, ocupa um belíssimo e elitista prédio em um bairro nobre de Porto Alegre, deveria ter um mecanismo de garantir taxas antecipadas? Deverei eu estar passando por esse constrangimento recebendo mensagem de cobrança para que seja efetuado o pagamento até dia 7 de fevereiro? Se por uma fatalidade que estava além do meu controle, não foi possível realizar meu intento de estudar dois meses ao invés de apenas um como fiz de fato, eu devo ser responsabilizado? Eu tenho recursos para viajar pela Europa, pois trabalhei muito em prol desse sonho, assim como já fiz em 1989. Mas, devo dizer que a estada em Düsseldorf deixou a desejar em alguns aspectos, a começar pela hospedagem, em um lugar distante que tinha o chão imundo..., nem ao menos esponja para limpar ou sequer detergente de lavar louças. Eu comprei esses itens com meu próprio dinheiro apesar de constar em contrato que a higiene do lugar seria de responsabilidade da senhoria que me hospedava. Quanto ao curso, as datas na verdade não correspondem. As aulas começam depois do prometido e acabam antes. A professora faltou e a sua substituta disse que ela estava doente. Depois a própria professora disse que o pai havia falecido. Em um país em que seus habitantes se orgulham da veracidade há de se estranhar a divergência de informações. Outra informação eu não foi bem comunicada se refere aos colegas de classe. Tenho um trabalho com educação de jovens e adultos para o qual preparo a monografia de conclusão no curso de especialização da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Eu entendo, assim como outros professores que, adequação idade/série é um elemento fundamental para garantia da qualidade de aprendizagem e turmas onde se mistura adolescentes com adultos tendem a ter conflitos que impedem bom aproveitamento. No Goethe-Institut de Düsseldorf tinha estudante com 16 anos na minha mesma turma com adulto de 48 anos, e até mais de 50 anos. Era mais lento para respostas imediatas e obrigado a aceitar a intolerância de alguns alunos, quando não o deboche pelas dificuldades que eu apresentava com o idioma alemão. Quero deixar claro que estou apreciando muito essa experiência, pois a Alemanha é um belo país, seguro, limpo e seu povo gentil e cortês. Os professores do Goethe-Institut são excelentes profissionais como pude comprovar sendo aluno de Sabine Voss-Rudolph em Düsseldorf. Eu lamento que meu desabafo crie uma mácula na minha relação com esse país. Porém é essa a maneira de tentar expressar o meu direito de não ser explorado, ao ponto de enxergar como um direito do Goethe-Institiut algo que seja uma artimanha para constranger-me a pagar por algo que não é dívida minha.

COM QUE ROUPA







Terça-feira, 03 de fevereiro de 09
Da Berlinale

Com que roupa?
Berlin está às vésperas de seu maior evento de cinema. O mundo todo também. A cidade mostra a expectativa nos “backlights” espalhados nas calçadas, no chão das estações de trem e metrô, nas bandeiras que se vão hasteando pelas ruas, em especial na praça do obelisco imortalizado no cinema em “Tão Longe tão Perto”. Nas fachadas dos cinemas, dependurados, imensos panos vermelhos estampados com o urso avisam do que está por vir neste próximo dia 5. Além do urso, Penélope Cruz é a cara da Berlinale, versão publicidade L’Oreal . Ontem as 10 e quinze da noite o Kino International realizou seu MONGAY- mistura de Montag (segunda-feira em alemão) com Gay (gay em inglês). Pudemos assistir: filmes em projeção digital e palestrante concreto (não digital). Sentados em cadeiras tipo diretor vermelhas bebendo vinho, cerveja, para quem gosta e quer gastar no bar dentro do cinema. Sob a luz colorida de holofotes. Eu levei suco de laranja e sentei no chão, pois estava lotado. O primeiro vídeo-documentário é de Israel e trata da vida noturna gay de lá. Pausa, para o comentarista da Berlinale, indicar filmes interessantes e depois um vídeo mostrando a iniciação sexual de um jovem, falado em inglês, mas com sotaque latino. No kino International apanhei a revista com a programação que, pode imaginar, é extensa nos seus dez dias de acontecimento. O filme da abertura promete violência: The Internacional, com o lindo Clive Owen. Por que será que imagino uma temática do tipo O Corte, de Costa-Gravas? Acho que porque os americanos re-filmam acreditando que estão realizando a história original... Mágoas latino-americanas à parte, eu vejo Garapa, de José Padilha como filme representante do idioma português. As celebridades devem aterrissar no dia 5 e eu estarei decolando rumo à Paris levando minha bolsa vermelha que comprei como a Offizielle Berlinale Tasche. Cheguei quase nove da noite na Potsdamer Platz Arkaden, que é um assunto à parte sobre o luxo desta cidade encantadora. O quiosque fechando, mas descolei o item. Ainda, saí antes do final do MONGAY achando que perderia o trem de volta para Nikolassee. Na verdade poderia ter ficado mais uma hora. E teria valido cada minuto.