quinta-feira, 4 de julho de 2019

transinterações


michael jackson
 e o break 
e o angelus novus de paul klee
 que walter benjamin acusou de imagem da era pós moderna, na visão de alguém que leu por alto algumas coisas e que não tem certeza de nada.









Em Paris, já faz tempo.

Por uma voz...

Por uma voz...

De todas situações confusas que eu pude viver, talvez a de não entender o que minha voz interior quer dizer seja a mais interessante de tentar relatar. A vida é jogo. Arriscamos sempre, na ação ou no inércia. O corpo cede, avança, retrocede, recua através do espaço que a imaginação permite conceber. O calor, ou melhor, as sensações são chaves que abrem portas de percepção. Escolhemos por onde penetrar e vamos escolhendo os meios para entender essas penetrações. Se nosso corpo recua é porque necessita munição de entendimento se ele avança, é porque não quer se acomodar na segurança da situação. Será verdade que as dores, os sobressaltos nos dizem muita coisa?..

EU, O VELHO E O MUSEU.


EU, O VELHO E O MUSEU.
Costumo pensar que a minha escolha pela Museologia foi feita em causa própria. Decidi estudar novamente aos 57 anos beirando a aposentadoria depois de ouvir várias opiniões e queixas sobre o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Alunos sem perspectiva de aprovação, em aparente desmotivação com o estudo, na descrença do conhecimento como ferramenta para profissionalização, enfim, tudo que tive de superar para investir na minha formação e que persiste no mundo escolar. Não vou aprofundar acerca do sistema de ensino excludente que reforça os estereótipos de incompetência atribuídos a nossa juventude. Combati isso desde sempre e não foi diferente na Universidade Federal doRio Grande do Sul, onde cursei primeiramente a Licenciatura em Artes Visuais e depois a Especialização em Educação profissional. Não é só com jovens, ou velhos, ou pobres, ou deficientes, ou negros, ou lésbica, gay, bissexual, transexual -  LGBTs, ou mulheres, mas com todos que não aparentam o estereótipo branco machista, classe média, burguês opressor.
Além de testar e constatar minha competência para aprovação no ENEM, maravilhoso foi saber que minha pontuação abria possibilidades de ingresso em outros cursos,na área da Arte, em locais que eu simplesmente adoraria viver, como Ouro Preto e Salvador. Essa oportunidade aos 20 e poucos anos certamente eu agarraria e me aventuraria sem amarras no projeto de estudar fora de Porto Alegre. Entretanto, agora, precisei me conformar com a proximidade da Faculdade de Biblioteconomia de Comunicação – FABICO, de onde resido, e aqui estou desde 2017. Quem sabe depois, na aposentadoria, mudo meu rumo?
AS PRIMEIRAS AULAS
No primeiro semestre optei por cumprir com um número menor de matérias, e fui ampliando no decorrer dos estudos. Apressando-me lentamente em direção ao amadurecimento deste conhecimento acerca de Museus e da complexa rede de saberes que o envolve persigo cumprir com o objetivo a que me propus desde o início:usufruir prazerosamente da universidade.
AS EXPECTATIVAS SOBRE A HISTÓRIA DOS MUSEUS
Conhecendo de antemão a metodologia de ensino, das aulas expositivas e seminários, que é recorrente na UFRGS, não esperava e não encontrei nada diferente. Com experiência em estudar e ensinar História da Arte, adquiri alguma facilidade em relacionar tempos e fatos, e contextualizá-los historicamente, o que tem sido de ajuda ao agregar os eventos que se relacionam a história dos museus. Independentemente da noção de que a base do conhecimento, inclusive em História, é tradicionalmente vinculada ao ensino básico, o patamar para aprendizagem, a meu ver, pode elevar-se em qualquer etapa da vida.
DESCOBERTAS.SURPRESAS
Retomar os estudos na universidade após tanto tempo tem sido uma experiência compensadora especialmente ao conviver com os jovens. Observo colegas estudantes, compromissados com os estudos, envolvidos com seriedade nas leituras que realizam e com muito conhecimento. São protagonistas de suas aprendizagens. Encontrei equipamentos, instalações, espaços de convivência apropriados ao estudo. O Centro Acadêmico é atuante. Professores cumprem com interesse suas rotinas de trabalho e demonstram apreço pelo curso.
A maior surpresa não foi acadêmica, mas política. A UFRGS sempre foi um espaço de pluralismo de pensamento. Aqui se convive democraticamente na perspectiva dialética necessária para produzir conhecimento qualificado, e reconhecidamente valorizado em muitas instâncias das sociedades brasileira e internacional. A sombra de narrativas fascistas avançando, sobre esse campo iluminado de saber, assombrando o respeito às contradições históricas, sobre o elevado papel social da UFRGS; com a perspectiva de governo que promete restringir e desqualificar a educação brasileira é preocupante e exige além da dedicação aos estudos. Isto nos leva a defender, manifestando nas ruas os direitos à gratuidade, à qualidade da universidade pública. Muita mobilização pela frente será necessária para evitar o já anunciado desmonte das instituições educacionais do Brasil.
Pontos fortes
O curso de Museologia goza de boa reputação no cenário da UFRGS e na comunidade em geral, haja vista a boa receptividade nos diferentes espaços culturais a que acessamos como alunos do curso. Há diversos incentivos para visitas técnicas, viagens de estudos, participação em palestras.Estudar aqui é bom. A disciplina e o compromisso com o estudo presencial me motivam a escrever, a ler, querer saber mais. Procuro equilibrar, na minha posição de aluno experiente, a participação nas aulas, pois entendo que a idade me chancela uma aparente, e errônea muitas vezes, credibilidade. Ao mesmo tempo, se minhas intervenções permitirem problematizar temas com alguma relevância, trazendo diversidade e multiplicidade de visões ao processo educacional, eu estarei aprendendo e contribuindo com a Museologia. Afinal o velho e o museu são parentes numa família onde se respeita o tempo humano.