terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

o endereço eletrônico da responsável pela coação

ela se chama Katja Nowroth e o e-mail é nowroth@goethe.de

Polêmica questão financeira perturba um passeio pela Europa.

Como se sabe, a crise financeira mundial atrapalhou os planos dos brasileiros que tinham a vontade de saborear o mundo europeu nestes gelados meses de janeiro e fevereiro. Seria nossa (dos que assim entendem) a culpa de acreditar que o mundo pertence a todos que nele habitam? Meu trabalho de 60 horas semanais como professor na América do Sul não justifica o meu desejo por férias onde eu bem entenda que mereço? Para o Goethe-Institut em Berlin, não. A julgar pela mensagem que recebi de lá (daqui), cobrando mais de trezentos euros pela minha INTENÇÃO de estudar naquela escola, que foi frustrada justamente pela crise financeira que elevou o euro de 2,40 reais quando paguei o curso de Düsseldorf no Brasil, para 3,50 reais quando o Banco do Brasil me vendeu 2000 euros. Amigos, isto é uma saia justa internacional. Não devo levar em conta que assim como as reservas em hotéis tem taxas antecipadas justamente para que desistências não causem ônus aos estabelecimentos também o Goethe-Institut, instituição renomada que, aliás, ocupa um belíssimo e elitista prédio em um bairro nobre de Porto Alegre, deveria ter um mecanismo de garantir taxas antecipadas? Deverei eu estar passando por esse constrangimento recebendo mensagem de cobrança para que seja efetuado o pagamento até dia 7 de fevereiro? Se por uma fatalidade que estava além do meu controle, não foi possível realizar meu intento de estudar dois meses ao invés de apenas um como fiz de fato, eu devo ser responsabilizado? Eu tenho recursos para viajar pela Europa, pois trabalhei muito em prol desse sonho, assim como já fiz em 1989. Mas, devo dizer que a estada em Düsseldorf deixou a desejar em alguns aspectos, a começar pela hospedagem, em um lugar distante que tinha o chão imundo..., nem ao menos esponja para limpar ou sequer detergente de lavar louças. Eu comprei esses itens com meu próprio dinheiro apesar de constar em contrato que a higiene do lugar seria de responsabilidade da senhoria que me hospedava. Quanto ao curso, as datas na verdade não correspondem. As aulas começam depois do prometido e acabam antes. A professora faltou e a sua substituta disse que ela estava doente. Depois a própria professora disse que o pai havia falecido. Em um país em que seus habitantes se orgulham da veracidade há de se estranhar a divergência de informações. Outra informação eu não foi bem comunicada se refere aos colegas de classe. Tenho um trabalho com educação de jovens e adultos para o qual preparo a monografia de conclusão no curso de especialização da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Eu entendo, assim como outros professores que, adequação idade/série é um elemento fundamental para garantia da qualidade de aprendizagem e turmas onde se mistura adolescentes com adultos tendem a ter conflitos que impedem bom aproveitamento. No Goethe-Institut de Düsseldorf tinha estudante com 16 anos na minha mesma turma com adulto de 48 anos, e até mais de 50 anos. Era mais lento para respostas imediatas e obrigado a aceitar a intolerância de alguns alunos, quando não o deboche pelas dificuldades que eu apresentava com o idioma alemão. Quero deixar claro que estou apreciando muito essa experiência, pois a Alemanha é um belo país, seguro, limpo e seu povo gentil e cortês. Os professores do Goethe-Institut são excelentes profissionais como pude comprovar sendo aluno de Sabine Voss-Rudolph em Düsseldorf. Eu lamento que meu desabafo crie uma mácula na minha relação com esse país. Porém é essa a maneira de tentar expressar o meu direito de não ser explorado, ao ponto de enxergar como um direito do Goethe-Institiut algo que seja uma artimanha para constranger-me a pagar por algo que não é dívida minha.

COM QUE ROUPA







Terça-feira, 03 de fevereiro de 09
Da Berlinale

Com que roupa?
Berlin está às vésperas de seu maior evento de cinema. O mundo todo também. A cidade mostra a expectativa nos “backlights” espalhados nas calçadas, no chão das estações de trem e metrô, nas bandeiras que se vão hasteando pelas ruas, em especial na praça do obelisco imortalizado no cinema em “Tão Longe tão Perto”. Nas fachadas dos cinemas, dependurados, imensos panos vermelhos estampados com o urso avisam do que está por vir neste próximo dia 5. Além do urso, Penélope Cruz é a cara da Berlinale, versão publicidade L’Oreal . Ontem as 10 e quinze da noite o Kino International realizou seu MONGAY- mistura de Montag (segunda-feira em alemão) com Gay (gay em inglês). Pudemos assistir: filmes em projeção digital e palestrante concreto (não digital). Sentados em cadeiras tipo diretor vermelhas bebendo vinho, cerveja, para quem gosta e quer gastar no bar dentro do cinema. Sob a luz colorida de holofotes. Eu levei suco de laranja e sentei no chão, pois estava lotado. O primeiro vídeo-documentário é de Israel e trata da vida noturna gay de lá. Pausa, para o comentarista da Berlinale, indicar filmes interessantes e depois um vídeo mostrando a iniciação sexual de um jovem, falado em inglês, mas com sotaque latino. No kino International apanhei a revista com a programação que, pode imaginar, é extensa nos seus dez dias de acontecimento. O filme da abertura promete violência: The Internacional, com o lindo Clive Owen. Por que será que imagino uma temática do tipo O Corte, de Costa-Gravas? Acho que porque os americanos re-filmam acreditando que estão realizando a história original... Mágoas latino-americanas à parte, eu vejo Garapa, de José Padilha como filme representante do idioma português. As celebridades devem aterrissar no dia 5 e eu estarei decolando rumo à Paris levando minha bolsa vermelha que comprei como a Offizielle Berlinale Tasche. Cheguei quase nove da noite na Potsdamer Platz Arkaden, que é um assunto à parte sobre o luxo desta cidade encantadora. O quiosque fechando, mas descolei o item. Ainda, saí antes do final do MONGAY achando que perderia o trem de volta para Nikolassee. Na verdade poderia ter ficado mais uma hora. E teria valido cada minuto.