segunda-feira, 1 de julho de 2019

LAS CAJAS ESPAÑOLAS




Las Cajas Españolas - É um documentário espanhol que narra fatos ocorridos entre guerras mundiais, de 1936 a 1939. Foram três anos de guerra civil que teve muitas facetas, e diferentes pontos de vista: viram como uma luta de classes, uma guerra religiosa, uma luta entre ditadura e democracia republicana, entre revolução e contra revolução, entre fascismo e comunismo. Os Nacionalistas venceram e governaram a Espanha até a morte de Franco em novembro de 1975.

Os esforços, muitas vezes de personagens anônimos, impediram que extremistas praticassem saques e destruição de monumentos e artefatos a exemplo do ocorrido na Revolução Francesa. Para proteção do patrimônio cultural e artístico a comunidade se organizou e tratou de recuperar e salvaguardar na medida do possível, o acervo espanhol de documentos e objetos. Erros e acertos são mostrados nessa tentativa. Com o ataque ao Museu do Prado por nazi-fascistas se intensificam os deslocamentos de proteção. Inicialmente até Valencia e depois França, as obras de arte são transformadas em reféns, salvo conduto do governo que divulga para o mundo a existência das cerca de duas mil caixas com objetos de arte.
Impressionante relato, narrativa histórica em precisa reconstituição dos fatos. Trabalho primoroso de imagens em movimento. O dilema contemporâneo que serve de pano de fundo ao filme não é heróico: Totalitarismo ou Anarquia. Estar vivo e ter uma vida são coisas diferentes. Las Cajas Españolas apresenta a necessidade fundamental do ser humano em defender o que simbolicamente dá sentido a uma existência digna, contra a condição de zumbis do fetichismo capitalista. O filme nos leva a imaginar um mundo sem imagens, uma vida sem arte, a história da pintura sem as Meninas de Velázquez e a Maja Desduna de Goya. 
Na distopia fascista, anulado o pertencimento social, entre esquecimentos e apagamentos, o que nos restará de vida? Segurança pelo medo, proteção sem dignidade, sobrevivência sem sentido. Navegar é preciso. Cumprir com as tarefas que nos são impostas exigem instrumentos de precisão. Viver não é preciso, é reinvenção, é imprevisibilidade. Vida precisa da arte.