segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

De comunicação



Diário de viagem
24.01. Sábado, cinzento. Quantos dias têm que, o sol é uma mancha amarelada e fosca atrás de um borrão esbranquiçado! Eu precisei lavar roupas. É verdade que a relação com a senhoria se tornou impraticável depois que ela me fez entender sem tradução simultânea que eu atrapalhei a sua vida quando dei o número daqui para a Cristina. PARANÓIA: Talvez a vontade dela fosse de que eu não achasse a casa para ela ganhar grana sem ceder nada de seu espaço. Então toma, biba! Vai para o tanque ou paga a lavanderia! Fui para a lavanderia. Procuro pela atendente. Ela inexiste. Painéis lotados de informação, é claro que, em alemão, informam tudo que é preciso saber para lavar a própria roupa. Três pessoas. Um rapaz que fuma um cigarro tranqüilamente. Uma leitora de qualquer coisa que houve algo nos seus fones. Um, outro, que se abala com minhas tentativas frustradas de que a máquina aceite nota minha nota de cinco Euro. Com paciência o (d)eficiente auditivo ensina o analfabeto a ler aquele micromundo. Botões para os números do sabão em pó e do amaciador e da máquina de lavar e da máquina de secar. Ele me manda ir passear, e eu entendo, apontou para o relógio de tempo da máquina marcando 30 minutos de lavagem. E eu fui. Comprar caviar para fazer moedas e secar a roupa. No caminho ligo para Cris, dou risadas e descubro que deixei tudo sozinho na Schnell und...(esqueci o segundo nome da lavanderia, agora). Volto ansioso, mas sem pressa na esperança de que as roupas estejam ainda lá. O silêncio da audição do meu anjo da guarda instantâneo para assuntos de lavanderia eu posso ouvir. Nossa comunicação foi possível, pois havia o desejo dele em ser compreendido e a minha necessidade de interagir em um espaço do mundo em que pouca tolerância ainda persiste para aprendizagem. Que vontade saber Libras.