quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Acorda bamba!


Depois

dos azulejos despedaçados

da mangueira de gás vencida

das faltas cometidas

das contas não pagas

da viagem prá Europa

pane na camera filmadora

e pseudo síndrome de fadiga crônica

meus quilos a mais poderiam desaparecer

o tempo melhorar

a turma se encontrar

o sorriso voltar pro meu rosto.

Fazer as pazes.



domingo, 16 de agosto de 2009

bicicletas



a rua joãotelles em porto alegre deveria aos domingos estar liberada para que os ciclistas pedalassem em segurança. infelizmente, existe a falta de respeito à faixa reservada.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O nome de um personagem secundário de qualquer história, mas que dá sentido para o enredo. O artista. Pode ser um pintor. Famoso por realizar um trabalho genuíno no sentido de que a pesquisa da técnica e do conteúdo formal, recorrentes, ocasionalmente produz uma coleção que pode ser apreciada em uma exposição a cada 12 meses. Cada quadro merece uma garrafa de bom vinho. Não quer dizer bom vinho de enólogos, mas sim no julgamento de quem beber. Então é um vinho que custa mais caro na prateleira dos vinhos. Beber requer companhia, que requer comunicação. Antes de comunicar, encontrar a roupa adequada. Aparentemente é preciso agradar. Sem o encontro, não tem porque se vestir bem, muito menos sair de casa para comprar vinho. Não é preciso pintar quadro para saber que arte é a profissão do arrogante.

domingo, 9 de agosto de 2009

Lars Thorwald

Lars Thorwald
Estava saindo às pressas do elevador em direção da porta do edifício quando senti a necessidade de bisbilhotar na caixa de correspondência. Costumo sabotar minhas saídas, atrasando, ao voltar até em casa para conferir se esqueci alguma coisa que não faria nenhuma diferença se deixada para depois. Depois da janelinha de madeira do painel de números que correspondem aos apartamentos encontrei um bilhete com um nome escrito. Não pude ir adiante. O trabalho que aguarde. Acordei. Os lençóis pouco revirados, o que indica a tranqüilidade do meu sono. Não tinha nenhuma pista de estar sonhando. O sonho era daqueles que surpreendem pela lógica a ponto de fazer suspeitar, que não se trata de um sonho, mas da realidade concreta, até que acordamos e descobrimos que nem a vida real é tão inquestionável. Preso em casa e preso dentro de mim mesmo. Sentia a necessidade, absurda, novamente, de me lembrar de tudo, toda a minha vida de novo. Dessa vez sem interpretações errôneas. A memória é o fantasma que nos fala. Começou a chover e eu sentei na poltrona em frente da televisão e ali fiquei por três meses. Meu interesse centrado na tela plana do aparelho e no mundo de duas dimensões que transcorre por detrás do vidro. Trabalho, contas para pagar, o que de comer, higiene, conversas com as pessoas foram ficando em segundo plano. Estava dominado pela existência de um universo paralelo que significava mais do que a própria realidade. Olho para as letras do bilhete sobre a mesa.
Lembro da confusão das minhas idéias. Se idéias fossem seriam confusas? Precisava. Necessitava. Aumentava. Ampliava o som que na madrugada escutei. Nada não tem nexo. Eu sei, é tão difícil dar sentido a existência, mas não é possível não existir. Quero chegar ao limite do inaceitável quando não poderei mais continuar do mesmo jeito que estou. Quero ter a sensação de que não fiz força para viver, que me deixei levar pelo tempo que escorre como pingos de chuva que vão criando valos sulcando a terra e se aglutinando com a água e escorrendo e seguindo um curso que não é curso nenhum pois simplesmente é a mistura das matérias da água com a terra não aderente que faz escorrer.














quarta-feira, 5 de agosto de 2009


“Ninguém me disse que chegaria o dia que o meu cansaço seria de viver não pelo que já passou, mas sim viver o que virá”.
Em março de 1995 eu vi uma amiga passar mal por causa de bebida quando tentava comemorar o aniversário dela. Naquela noite, com 34 anos de idade, depois de conviver com algumas experiências com saídas, voltas e revoltas dos vícios, decidi me liberar do consumo de bebidas e refrigerantes.
De um jeito que não sei explicar concluí que Coca-Cola é um coadjuvante do álcool. Na continuidade desse processo, depois de mais alguns anos larguei o vício do cigarro, que eu mantinha por vinte anos e, finalmente mudei, em 2001, a minha alimentação excluindo da minha dieta o consumo de carne, toda carne, ou seja, tudo que me olha enquanto ser vivo.
Agora em agosto de 2009, vivendo uma crise depressiva causada pelo “trauma” da volta da experiência de dois meses na Europa e Inglaterra, depois de passar mais de cinco meses “meio” perdido nesta realidade subdesenvolvida (socialmente injusta) da cidade de Porto Alegre, que já tentei amar e que hoje em dia pouco consigo contemplar, senti a necessidade urgente de voltar a me encantar, nem que seja pelas dores das calçadas, cinzas e sujas que fui aprendendo a evitar. Dessa necessidade e vontade de sair do sedentarismo que me gruda à cama e à televisão surgiu o projeto pessoal de trabalho que estou criando, e resumindo, será o retrato do meu processo de melhora.
Trata-se de um diário de imagens.
Está prevista a minha saída pela manhã de amanhã, e a disposição é de caminhar até a Redenção, fotografando imagens que correspondam ao estado de espírito em que me encontrar. Quero caminhar por mais ou menos uma hora e na semana realizar pelo menos três passeios. A idéia é criar repertório de imagens diferentes em cada atividade. E publicá-los em um blog.
“É importante atentar para o que é preciso manter em resguardo. Trata-se da distancia a manter dos elementos nocivos a minha paz espiritual, pois junto aos vícios que pude vencer estão pessoas a exercerem convivências viciosas e querendo minar as minhas defesas existências. Essas influências são danosas, tem de permanecer anuladas”.